Canção do Peregrino
A terra onde piso não é o céu onde vivo
Não sou o que se vê
Nem o que se sente
Não olho para você
Mais passo repentinamente,
Olhe-me como a brisa. Eu sou o vento,
Numca amarrado nunca detento...
Busco o rumo olho o tempo,
O suldoeste é meu ladrilho
Lugar de minha saida.
O porque de meu lamento.
Sou parte da dúvida da vida
A parte menos estudada.
Chamam-me de sonso
Mais sou apenas o humilde, o manso;
A coisa menos amada.
Um mero ser andarilho
Em terra de humanos infestada.
Se me perguntares do partir.
Não o deixo tão certo nem o que sou
Apenas lhe digo que ja vou:
- Aonde ninguem pessou em ir.
Saio antes que suma a noite
E sigo o curso do relento.
Descanso debaixo de arvores,
Sem medo sem pavores
Contemplo por um segundo a natureza
E novamente levantando da sua pureza.
Sigo o rastro de meu assoite.
Por fim a duvida ferrenha
De tão longa distância percorrida.
Assim somente lhe direi
Como quem em areia desenha:
- Por certo minha alma é peregrina
E onde existir um coração de menina
Lá a minha casa edificarei...
Gabriel de Alencar