quinta-feira, 17 de julho de 2008

Pó de Castelo


Pó de castelo



... E se não fosse esse bem
Incurável loucura que destroça
A alma a vida a morte o soluço
De um choro de uma lágrima.

Se não sonhasse esse copo
Esse vinho. O que seria da areia
Quando comparada ao mar?
De que viveria o vento por vagar
Sem rumo sem túmulo sem emoção?

Sonhar... Que loucura vibrante.
Vácuo de ser de paixão.
Retorna a vida, amiga morte!
E detrói o corpo em lepra.

Oh! Antraz amante do meu ser
Retornará ao corpo mais uma vez?
Ou enjoaste da vil pele cansada?

... Pó como a terra sois vós
Como a areia como o ferro
O amoníaco o cobre o magma
Incandescente escarro
Das vísceras terráqueas.

Antes terra antes vulto
Preso pisado portador poético
Dos sonhos de um venéreo Andar...

Lembre-se de sua labuta
Lembre-se dos semblantes
Pois, todos ficaram iguais;

O solo é o escarro da terra
E somos nada alem disso:
Um monstro misturado
E finalmente fundido com o vento.


-Por compaixão!
Quando já não mais habitar em mim
Peço-vos um favor ilustre:
Queime meu corpo e das cinzas
Construam um lindo castelo.


Gabriel de Alencar

Eu os vejo

Este ai é um poema meu, sou brasileiro narural + minha exência ainda é Irlandesa e Celta. Logo após viram outros poemas meus curta de montão^^.

E eu os vejo

Eu os vejo! Entrevados,

Entregues as sombras e gritando,

Em alta voz a Deus amaldiçoando

Por seus crimes depravados.


Monstros de rultilância derrotados

Cantam com ódio inda murmurando

E o certo rodeiam desfigurando

Com o coração e olhos vedados.


Cantam com escárnio essas feras

Cheios de ódio e irritantes chagas,

Ainda velando as mesmas pragas.


Ainda choram as quimeras

E ão de ficar a clamar

Pois, o certo não quiseram amar.

Gabriel de Alencar

Anjo de poeta




Anjo de poeta

No ranger de dentes

A poesia frenética do moribundo

Como se derrama de um negro vaso

O necta das flores recendentes


E nessa infâmia de poeta

Que no peito amante a magoa inda

Corrompe, e na vida destrói os sentimentos.

Espreita-me na ausência do teu encanto...


Tão belo puro anjo!

Nem as flores da alvorada revelam

Quão pura beleza há em teu coração,

Nem o brilho do sol ha. De ofuscar-te a palidez.

E nem desviara ele de ti meu olhar imóvel.


Quanto ao desalento do peito imundo

Tu encantas o coração dos poetas

E na maledicência desse, a velar-te.

Um murmúrio no desdém entre teus lábios.


No ressonar desse murmúrio teu

Ouço os segredos ásperos da franqueza

Dessas fitas róseas e invejáveis;


Quando na tua sinceridade te encontro

E para ti meu peito e meu amor

Espero apenas que me responda

Porque rejeita meu amor?


Porque rejeitar esses versos?

Se eles contemplam a ti

Não vedes que pedem por mim teu alento?

Não vedes que meu coração te espera

E nele todo meu amor e vivência?


Velo-te mesmo que apenas a morte me aceite.

E se um dia no leito da maldita amiga

For me tirada a esperança por ti,

Clamo a Deus que não te faças sofrer

E na glória da vida dos amores,

Peço-te ao menos um beijo

E nos teus lábios poder morre.

Gabriel de Alencar



Inquieto


Inquieto

Aquietai em mim o meu peito

Pois inda oiço dele murmura

Estas palavras que fazem desfigura

A vida e a morte sem menor respeito.


Quanto da cólera o antro imperfeito

De minha eloqüência a fissura

Tendem em mim o vão sutura

As chagas da infanticida em meu leito.


Assim como o vil corrompe a vida

Assim torna-se fria e entristecida

Como asas queimadas de um cisne,


Que se perdem livres no voar

Podendo eu velas livres a escoar

Escurecidas em um tom tisne.

(Gabriel de Alencar)