quinta-feira, 17 de julho de 2008

Inquieto


Inquieto

Aquietai em mim o meu peito

Pois inda oiço dele murmura

Estas palavras que fazem desfigura

A vida e a morte sem menor respeito.


Quanto da cólera o antro imperfeito

De minha eloqüência a fissura

Tendem em mim o vão sutura

As chagas da infanticida em meu leito.


Assim como o vil corrompe a vida

Assim torna-se fria e entristecida

Como asas queimadas de um cisne,


Que se perdem livres no voar

Podendo eu velas livres a escoar

Escurecidas em um tom tisne.

(Gabriel de Alencar)

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