quinta-feira, 17 de julho de 2008

Pó de Castelo


Pó de castelo



... E se não fosse esse bem
Incurável loucura que destroça
A alma a vida a morte o soluço
De um choro de uma lágrima.

Se não sonhasse esse copo
Esse vinho. O que seria da areia
Quando comparada ao mar?
De que viveria o vento por vagar
Sem rumo sem túmulo sem emoção?

Sonhar... Que loucura vibrante.
Vácuo de ser de paixão.
Retorna a vida, amiga morte!
E detrói o corpo em lepra.

Oh! Antraz amante do meu ser
Retornará ao corpo mais uma vez?
Ou enjoaste da vil pele cansada?

... Pó como a terra sois vós
Como a areia como o ferro
O amoníaco o cobre o magma
Incandescente escarro
Das vísceras terráqueas.

Antes terra antes vulto
Preso pisado portador poético
Dos sonhos de um venéreo Andar...

Lembre-se de sua labuta
Lembre-se dos semblantes
Pois, todos ficaram iguais;

O solo é o escarro da terra
E somos nada alem disso:
Um monstro misturado
E finalmente fundido com o vento.


-Por compaixão!
Quando já não mais habitar em mim
Peço-vos um favor ilustre:
Queime meu corpo e das cinzas
Construam um lindo castelo.


Gabriel de Alencar

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