Mendigos
Nós nos agarramos a sonhos
Porque nossa realidade é fraca.
A fome aqui não pergunta nada
E nem escolhe ninguém.
A tristeza é algo comum
E a depressão é ridícula.
Dia após dia espreitando os fracos
E os vencendo por submissão.
Os rostos que vejo nas ruas
São deprimentes suas emoções.
Momentaneamente eles sorriem
Mas vazios estão.
Hipocrisia é uma palavra comum
Embora nunca falada diariamente
É notada em cada mente.
As crianças daqui nascem como erros
Algumas indesejadas, outras excluídas
Mas todas carregam algum erro,
Que muitas vezes não existe.
Alguns culpam o sistema;
Outros simplesmente não opinam,
Mais nada fazem para mudar isso,
Pois todos estão acostumados
A se passarem por palhaços.
Marionetes de sua própria desgraça,
Acham em tudo o que vêem graça
Porque simplesmente não enxergam.
Estão cegos porque querem
Porque é dura a realidade.
Todos aqui vivem a base de migalhas
Até mesmo os ricos e poderosos,
Porque todos aqui não são intocáveis
E a ferida é certa assim que nascem.
Uns mendigando vida,
Outros mendigando pão.
Gabriel de Alencar