terça-feira, 22 de setembro de 2009

Castitatis Lilium



Castitatis Lilium




De grande coração, bendita!
E a alma serena, a calma emoção.

Trazei teu amor ao meu coração
Santa mulher de minh’alma cativa.

Dá-me a angustia do olhar teu,
Em meu rosto transborda a tua serenidade;
Graciosa rainha da castidade.
Tomai o coração meu;

Fazei dele doce musica

Santa peregrina de alma rústica

A sonhar nos braços meus.


E nos teus sussurros, na tua languidez,

Perco-me em completa embriaguez

No teu coração de Lithium.

- Oh! Castitatis Lilium.


(Gabriel de Alencar)

Pintura


Pintura


Límpidos olhos, vagos, frios
E mansos olhares confusos,
Ao longe na alma, a calma, os sustos,
O anjo banhava nos rios

Na face quem o diria
Que a bela a criatura sorria.
Qual o poeta não daria a vida
Por uma memória tão vivida.

Sim! Nunca foi real,
Pois a bela criatura na pintura,
Com toda essa beleza pura;
Ainda me parece um animal.



(Gabriel de Alencar)

Sem Rumo


Sem Rumo


Ébrio nas calçadas do paraíso
Caminho rente o abismo
Da loucura e do riso,
Da perfidêz e mercenarísmo.

Redundantes são meus passos
Em cada coração de aço,
Que se sujeitam ao ridículo,
De tão repugnante vinculo.

Nisso! A mente vazia caminha,
Sem linha e campainha
Na porta da razão.
Esse épico raciocínio lógico da confusão.

Nos algarismos, na ciência o espiritualismo.
Tanto me assombra o velho mundanismo.
A minh'alma frágil de cristão...


(Gabriel de Alencar)

Hipocrisía


Hipocrisia

De garrano servi eu às donzelas
E na minha hipocrisia eram até belas.
- Ainda bem! Era apenas hipocrisia,
Mas me vale beijar a mão de um leproso,
Que ser o teu esposo;
E abraçar a vaidade do teu dia...



(Gabriel de Alencar)