Onde estão os olhos que me amam?
Por que não vejo suas lágrimas
Por que não às vejo,
Por que não caem...
Onde está o abraço prometido
O aperto que não sinto.
- Onde estás!
Aonde posso encontrar?
O toque de uma mão, uma lagrima apenas.
Por que não escuto meus gritos;
Minha dor.
Por que meu mundo está tão frio
E se o sol brilha no céu
Porque não sinto seu calor?
- Penso deve ser noite!
Em um mundo que não existe pros outros
Criado em minha mente e recriado cada dia
Em noites frias, frias noites cria;
Um mundo de temores.
sábado, 5 de dezembro de 2009
Meu mundo
terça-feira, 27 de outubro de 2009
O Certo ou o Vício
O Certo ou o vício na fronte espasma... Um susto vitalício arruína a fala.
O medíocre assume o mudo e a garganta rasgada, ainda necessitam do grito irritante na ignomínia postergaste da ruína...
Uma ferida ainda latente, disseminada no ar como uma bactéria degradante de toda a vida;
Uma sorte tão esquecida pela humanidade que é lembrada senão em uma fatalidade ou em uma carnificina...
Apenas hipócritas lamentam cobrindo a realidade com lágrimas famintas de sangue e ''amor'', qual esse está a parecer algo sem nome caminho e razão...
(Gabriel de Alencar)
terça-feira, 22 de setembro de 2009
Castitatis Lilium
Castitatis Lilium
De grande coração, bendita!
E a alma serena, a calma emoção.
Trazei teu amor ao meu coração
Santa mulher de minh’alma cativa.
Dá-me a angustia do olhar teu,
Em meu rosto transborda a tua serenidade;
Graciosa rainha da castidade.
Tomai o coração meu;
Fazei dele doce musica
Santa peregrina de alma rústica
A sonhar nos braços meus.
E nos teus sussurros, na tua languidez,
Perco-me em completa embriaguez
No teu coração de Lithium.
- Oh! Castitatis Lilium.
(Gabriel de Alencar)
Pintura
Límpidos olhos, vagos, frios
E mansos olhares confusos,
Ao longe na alma, a calma, os sustos,
O anjo banhava nos rios
Na face quem o diria
Que a bela a criatura sorria.
Qual o poeta não daria a vida
Por uma memória tão vivida.
Sim! Nunca foi real,
Pois a bela criatura na pintura,
Com toda essa beleza pura;
Ainda me parece um animal.
Sem Rumo
Ébrio nas calçadas do paraíso
Caminho rente o abismo
Da loucura e do riso,
Da perfidêz e mercenarísmo.
Redundantes são meus passos
Em cada coração de aço,
Que se sujeitam ao ridículo,
De tão repugnante vinculo.
Nisso! A mente vazia caminha,
Sem linha e campainha
Na porta da razão.
Esse épico raciocínio lógico da confusão.
Nos algarismos, na ciência o espiritualismo.
Tanto me assombra o velho mundanismo.
A minh'alma frágil de cristão...
Hipocrisía
quarta-feira, 9 de setembro de 2009
Senhor das Palavras
Oh! Complexo dicionário,
Meu fiel amigo honorário.
Senhor das palavras e dos significados.
Companheiro dos poetas e seus fardos;
Conjuntor das frases e definições.
Diafaneidade dos versos, das acústicas,
Príncipe erudito das músicas.
Criador de idéias e canções.
Ignoto pai de lendas e mitologias,
Com seus mitos e neologias;
Que ninguém consegue decifrar...
És tu o antecessor das primaveras;
Pois, até mesmo as quimeras,
Acham frio o teu modo de falar.
quinta-feira, 9 de abril de 2009
Meu facínio
...Os celtas têm um simbolismo fabuloso. Até as batalhas tinham um significado espiritual muito grande. Todo guerreiro celta honrava o código. Não matavam homens desarmados, nem mulheres e crianças. As batalhas que aconteciam em locais pantanosos ou lamacentos tinham um significado espiritual muito grande. Para eles, o pântano ou a lama é o limiar entre dois mundos. A água dessa lama ou pântano também significava pureza e renascimento. Ali eram travadas as batalhas. Atravessar o gué (pântano, lama) era o princípio da evolução. Haviam aqueles que afundavam completamente porque seus atos eram tão sujos como lama, e haviam aqueles que ultrapassavam com a benção dos deuses e seguiam seu caminho rumo a evolução espiritual.
...A busca do guerreiro permeia uma série de narrativas celtas. Essa procura, esta busca é, na verdade, uma busca iniciática onde no final encontra-se a verdade dos deuses e a essência do próprio guerreiro.
...O grande desafio de todo guerreiro é essa busca, mesmo que ela não tenha fim. A missão era sempre ir além, ultrapassando seus próprios limites e muitas eram as provações na sua caminhada.
...Agora pensem, quantos de nós assumiu esse lado de guerreiro, procurando a superação, buscando a verdadeira essência? Quantos de nós desistem nas primeiras provações que enfrentam?
...Essa questão da busca, da caminhada também aparece em muitas culturas. Os índio/s guaranis, por exemplo, acreditavam que toda a caminhada trazia a evolução do indivíduo e empreendiam longas caminhadas pelo território, desde o Baixo Amazonas até as terras do sul em busca de sua verdadeira essência. Por isso hoje vemos essa cultura maravilhosa morrendo aos poucos, porque confinados em reservas, não mais existem as longas caminhadas empreendidas em busca de si mesmo e de seu caminho espiritual. E quem não encontra-se a si próprio perde a identidade, perde a essência única que somos cada um de nós.
...Outra busca importante para os celtas era a busca do ser amado. Encontrar o ser amado é unir dois fragmentos dispersos no cosmos com a finalidade de criar a união divina e fundamental. Para os celtas eram impostas duras provas na busca da mulher amada. Aquele que vencia essas provas era digno do amor dessa mulher. E isso então, torna essa busca uma iniciação também.
...Para o celta, o amor é o seu destino, destino do qual ele não pode fugir, é uma aventura espiritual em busca da transcendência que pode ocorrer nesse plano. Mas mesmo não podendo fugir ao seu destino, não deve-se aceitar nada passivamente. Tem que questionar também, tem que ir em busca, e não ficar esperando passivamente.
...Na mitologia celta, essas viagens eram chamadas de Imramma, quando os guerreiros e heróis lançavam-se em barcas em direção ao Outro Mundo em busca da amada, ou mesmo doentes, seguiam sem destino (porque as próprias barcas sabiam onde levá-los), esperando que as deusas os levassem a uma ilha encantada para serem amados e curados por elas... Será isso tudo uma idealização? Acho que não... quantos de nós tem isso na sua própria história de vida? Quantos de nós tem medo de assumir e se deixar levar pelo próprio destino, destino esse que nos leva de encontro ao que é nosso de fato, seja onde ele estiver. Não falo aceitar passivamente, mas descobrirmos no decorrer da caminhada o que podemos fazer para que nosso destino se cumpra nessa vida, ou nas próximas vidas. Para que sejamos mais felizes e menos preocupados... Às vezes esquecemos isso. Esquecemos a força que está dentro de nós e quantas provações de vida e de fé nos são impostas pelos deuses e por nós mesmos... E é nesse momento que vemos como a mitologia faz parte de cada um de nós e como amplia a nossa capacidade de entendimento dos fatos que nos rodeiam.
Palavras de um nobre Alencar
No entanto é errôneo alegar que não somos descendentes de Nobres.
A nossa Nobreza não foi concedida pela vontade de homens que ocupavam tronos e por isso eram aclamados imperadores.
Nossa Nobreza não está representada em brasões, em bandeiras, em estandartes.
A Nobreza da família Alencar foi conquistada pelas atitudes de nossos ancestrais, através de sua busca incessante pela honra, pela dignidade.
Jamais alguém encontrará um Alencar desonesto, corrupto, leviano. Poderá sim, encontrar pessoas que assinam este nome de maneira ílicita, pois não são dignos do nome que assinam. Um verdadeiro Alencar jamais desmerecerá sua família, seus antepassados.
O brasão de nobreza dos Alencares não foi cunhado em madeira, aço ou outro material qualquer; o nosso brasão foi feito na alma, no espírito !
Esse título de nobreza não é transferida de pai para filho, através de um testamento no papel, não é direito adquirido. Essa nobreza é transmitida pelo exemplo e os filhos precisam fazer por merecê-lo sempre, pois caso contrário, deixam de ser um Alencar, apesar de ainda possuir este nome.
Poema Rúnico Anglo-Saxônico
Isso é um poema que retrata o sangue de um verdadeiro guerreiro. Existe tbm muitas historias através desse poema que estao ligadas a Irlanda, uma vez que os anglo-saxões viviam na ilha ao lado da Irlanda atual grã-Bretânia, pode-se dizer que é um resquiço da cultura Celta na cultura Saxônica, dizem que foi dos cavaleiros runicos que surgiu a poesia.
Poema Rúnico Anglo-Saxônico
O Poema Rúnico Anglo-Saxônico
(em Português Moderno)
Dos Poemas Rúnicos e Heróicos por Bruce Dickins.
Os bois selvagens são soberbos e possuem grandes chifres;
são bestas muito selvagens e lutam com seus chifres;
um grande desbravador das charnecas, é uma criatura temperamental.
O espinho é excessivamente aguçado,
uma coisa ruim para qualquer cavaleiro a tocar,
incomumente severo sobre todos que se sentarem em torno deste.
A boca é fonte de toda linguagem,
um pilar de sabedoria e conforto aos homens sábios,
uma benção e regozijo a todo cavaleiro.
Cavalgar se vê como fácil para qualquer guerreiro enquanto ele está adentro
e de muita coragem dele terá a quem percorre as altas estradas
sob o dorso de um cavalo resistente.
A Tocha é sabida por todo homem vivo pela sua tênue, flama brilhante;
sempre queimando onde os príncipes se sentam.
Generosidade traz crédito e honra, que confirma a dignidade de um;
fornece ajuda e subsistência
a todos os homens falidos que estão destituídos de qualquer coisa.
Benção ele usufrui quem não conhece o sofrimento, pesar nem ansiedade,
e tem prosperidade, felicidade e um lar bom o suficiente.
Hail (Salve) o grão dos mais brancos;
este é o turbilhão oriundo da abóboda celeste
e é lançada por sobre as lufadas do vento
e então, esta dissolve-se no vento.
Turba é opressiva ao coração;
apesar de muitas vezes se provar (mostrar-se) uma fonte de ajuda e salvação
para as crianças dos homens, para qualquer um que considerar isto a tempo.
Gelo é muito frio e imensuravelmente escorregadio;
isto cintila tão claro como vidro e como muitas gemas;
é um chão pertubado pelo frio, belo de se olhar.
Verão é o regozijo dos homens, quando Deus, o sacro Rei Celestial,
padece a terra para trazer adiante frutos brilhantes,
tanto para os ricos como para os pobres.
O Teixo é uma árvore de casca grossa,
dura e firme na terra, apoiada por suas raízes,
um guardião da flama e um regozijo sobre uma propriedade.
Peorth é fonte de recreação e entretenimento para o grande,
onde os guerreiros se sentam jubilosamente juntos no salão de banquete.
A junça-Eolh é freqüentemente achada em um pântano;
esta cresce na água e faz um ferimento horripilante,
cobrindo de sangue, qualquer guerreiro que a tocar.
O sol é sempre um regozijo nas esperanças dos navegantes ,
quando eles vão em jornada afora sobre a baía de peixes,
até que o curso das profundezas os levem à terra.
Tiw é uma estrela guia; faz bem em manter a confiança dos príncipes;
está sempre em seu curso sobre as brumas da noite e nunca falha.
O choupo carrega nenhum fruto; mesmo que sem semeá-la traga adiante sugadores,
por isto ser gerado de suas folhas.
Esplêndido são seus galhos e gloriosamente adornada
e sua coroa que atinge até os céus.
O cavalo é um prazer para os príncipes na presença de guerreiros.
Um corcel no orgulho de seus cascos,
quando os homens ricos sob o dorso do cavalo expalham boatos sobre isto;
e este é sempre uma fonte de conforto para o sem descanso.
O jubilante homem é querido para seu afim (kinsmen);
mesmo que todo homem esteja condenado a falhar com seu camarada,
desde que o Lorde por seu decreto recolherá a vil carniça para a terra.
O oceano é interminável aos olhos dos homens,
se eles se venturarem sobe a barca rolante
e as ondas do mar os terrificarem
e o timoneiro de profunda atenção, mas sem controle.
Ing foi visto primeiramente pelos homens Dinamarqueses-Orientais,
ainda, seguido por sua carruagem,
ele partiu em direção ao leste sobre as ondas.
Assim o Heardingas nomeou o heroi.
Uma propriedade é mui querida para qualquer homem,
se ele puder usufruir ali em sua casa
qualquer que seja certo e próprio em constante prosperidade.
Dia, a gloriosa luz do Criador, e enviada pelo Lorde;
esta é amada dos homens, uma fonte de esperança para ricos e pobres,
e a serviço para todos.
O carvalho engorda a carne dos porcos para as crianças dos homens.
Freqüentemente este atravessa a banheira de gannet,
e o oceano prova, quer o carvalho mantenha a fé
em honorável maneira.
O freixo é excessivamente alto e precioso para os homens.
Com este tronco vigoroso oferece uma obstinada resistência,
Apesar de atacada por muitos.
Yr é raiz de regozijo e honra para cada príncipe e cavaleiro;
esta parece bem sobre um cavalo e é um equipamento seguro para uma jornada.
Iar é um rio de pesca e mesmo assim este sempre nutre sobre a terra;
este tem um belo recanto encompassado pela água, onde isto vive em felicidade.
A sepultura é horrivel a qualquer cavaleiro,
onde o cadáver rapidamente começa a esfriar
e este jaz no seio da terra escura.
Lenda e poesia, seu nome é Irlanda.
Oiço a doce melodia do violino
Da minha graciosa donzela celta
De cabelo solto no meu olhar cristalino
Dançando fervorosa, ligeira e esbelta.
Toca e dança, deslumbra e encanta.
Completa-me com o seu ser.
Ouro. Muito ouro. Todo o ouro. Não adianta.
Tudo o que quero é vê-la feliz até morrer.
Para o Mundo, a minha donzela
Não passa de ilusão e loucura,
Mas é-me em tudo bela,
E vive em mim trancada sem fechadura.
Ela respira e faz-me viver.
Ela toca e dança de noite e de dia.
Vive por mim em mim sem morrer,
Porque a minha donzela é a poesia.
O poeta que eu mais adimiro
William Butler Yeats (13 de Junho, 1835 - 18 de Janeiro, 1939)
YeatsVastamente reconhecido como um dos expoentes da poesia do Século XX, Yeats nasceu em Dublin, onde se desenvolveu em um meio culto e criativo. Seu pai foi o pintor John Butler Yeats. William também estudou Arte, tanto em Dublin quanto em Londres. Durante as férias sua família costumava visitar Sligo, na região Oeste do país. As ricas tradições e as lendas do lugar influenciaram fortemente o poeta por toda a vida.
YeatsAos vinte e dois anos mudou-se, com a família, para a Inglaterra, onde permaneceu por aproximadamente uma década, retornando à Irlanda em 1896. Embora seus trabalhos preliminares fossem intrinsicamente ligados às tradicões e ao seu simbolismo, Yeats envolveu-se profundamente com o meio político de sua época e seus trabalhos posteriores são mais centrados em temas inerentes ao Nacionalismo Irlandês. No final do século XIX e início do século XX, o escritor ingressou na política e serviu no Senado do recém fundado Estado Livre da Irlanda. Em 1923, William Butler Yeats foi laureado com o Prêmio Nobel de Literatura.
O Escolhido da Fada
(1899)
O cavaleiro vinha de Knocknare E, quando cruzava os áridos campos de Clooth-na-bare; ele sentia Caolte agitando seus cabelos ardentes E Niamh chamando Venha, Venha para cáEsvazie seu coração de seu sonho mortal.
Os ventos acordaram, as folhas giram pelo ar,
Nossas faces estão descoloridas,
nossos cabelos estão soltos,
Nosos peitos estão arfantes,
nossos olhos tem um brilho fugidio,
Nossos braços estão acenando,
nossos lábios estão entreabertos;
Venha! E se alguém olhar sobre
nosso tão desejado vínculo,
Nós estaremos entre ele e os feitos das suas mãos,
Nós estaremos entre ele e as esperanças
de seu coração. O cavaleiro está seguindo velozmente 'entre noites e dias', E, onde poderá haver esperanças ou feitos tão apraziveis e belos? Seu companheiro Caolte agitando seus cabelos de fogo, E Niamh chamando Venha, Venha para cá.
As vozes Eternas
As Vozes Eternas
(1899)
Oh, doces e perenes Vozes, permaneçam;Vão até aos guardiões das hostes celestiais
E os ordene que vagueem obedecendo à Tua vontade,
Chamas sob chamas, até o Tempo deixar de existir;
Não tem você ouvido que nossos corações estão cansados,
Que você tem chamado por eles nos pássaros,
no vento sobre as colinas,
Em balançantes gallhos nas árvores,
nas marés pela beira-mar?
Oh, doces e perenes Vozes, permaneçam.
A Torre
I
Que fazer com este absurdo —
Oh coração, Oh inquieto coração — esta caricatura,
Esta decrépita idade que me ataram
Como à cauda de um cão?
Nunca tive
Mais exaltada, apaixonada, fantástica
Imaginação, nem olhos e ouvidos
Que mais esperassem o impossível —
Não, nem na infância quando com cana e mosca,
Ou o mais humilde dos vermes, subia a encosta de Ben Bulben
E tinha onde passar o interminável dia de Verão.
Parece que tenho de despedir a Musa,
Eleger como amigos Platão e Plotino
Até que a imaginação, olhos e ouvidos,
Se satisfaçam com a argumentação e lidem
Com o abstracto; ou permitir a troça
Como se levasse um tacho velho nos calcanhares.
II
Caminho entre as ameias e contemplo
Os alicerces de uma casa, ou ali onde
Uma árvore, como dedo tisnado, se ergue da terra;
E para diante lanço a imaginação
Sob o luminoso dia que declina, e invoco
Imagens e memórias
De ruínas ou de árvores antigas,
Pois a todos interrogarei.
Atrás da colina vivia a senhora French, e uma vez
Quando velas e candelabros de prata
Iluminavam o escuro mogno e o vinho,
Um criado que adivinhava sempre
Todos os desejos de tão respeitável dama,
Correu e com as tesouras do jardim
Podou as orelhas de um labrego insolente
E trouxe-as num pratinho coberto.
Alguns ainda se lembravam de quando sendo eu jovem
Uma jovem camponesa por canção louvada,
Que vivia algures nessas paragens rochosas,
Louvada pelas cores do seu rosto,
E com grande júbilo ainda mais louvada,
Lembrando que, ao passar pela feira,
Os labregos se acotovelavam
Tal a glória que conferia essa canção.
E outros, enlouquecidos pêlos versos,
Ou por ela brindarem tantas vezes,
Levantavam-se da mesa e declaravam justo
Provar com a vista tal fantasia;
Mas confundiram o brilho da lua
Com a prosaica luz do dia —
A música toldou-lhes a razão —
E um deles afogou-se no grande pântano de Cloone.
Estranho; quem fizera a canção era cego;
Mas, pensando bem, não acho
Nada estranho; a tragédia começou
Com Homero que também era cego,
E Helena atraiçoou tanto coração palpitante.
Oh, podem lua e sol parecer
Um raio inextricável
Pois se triunfar tornarei os homens loucos.
E eu próprio criei Hanrahan
E ébrio ou sóbrio levei-o pela aurora
De algures junto às cabanas.
Apanhado nas armadilhas de um velho,
Tropeçou, caiu, tacteou aqui e ali
E como paga só teve os joelhos partidos
E o horrível esplendor do desejo;
Em tudo isto pensei há vinte anos:
Os amigos jogavam às cartas num velho estábulo;
E quando chegou a vez do antigo rufia
De tal modo com os dedos enfeitiçou as cartas
Que todas menos uma se transformaram
Em matilha de cães e não baralho de cartas,
E àquela em lebre transformou.
Frenético, Hanrahan levantou-se então
E as criaturas que ladravam seguiu até —
Oh, até onde já me esqueci — mas basta!
Devo evocar um homem a quem nem o amor
Nem a música nem a orelha cortada do inimigo
Podiam, em tal tormento, alegrar;
Figura já tão fabulosa
Que não resta vizinho capaz de dizer
Quando terminou o seu dia de canícula:
Um antigo dono falido desta casa.
Antes de chegar essa ruína, durante séculos,
Rudes guerreiros, com jarreteiras nos joelhos
Ou de ferro calçados, subiam as escadas estreitas,
E havia guerreiros cujas imagens
Na Grande Memória guardadas,
Chegavam aos gritos e ofegantes
Perturbando o sono daquele que dormia
Enquanto os seus grandes dados de madeira batiam no tabuleiro.
Como a todos interrogaria, pois venham todos os que puderem;
Venha o velho, indigente e aleijado;
Venha e traga o cego errante que celebrou a beleza;
O homem vermelho que o prestidigitador enviara
Para esse prados abandonados por Deus; a senhora French,
De tão apurado ouvido;
O homem afogado no lodo do pântano,
Quando Musas trocistas elegeram a jovem camponesa.
Será que velhos homens e mulheres, ricos e pobres,
Que estas rochas pisaram, que por esta porta passaram,
Em público ou em segredo se indignaram
Como agora o faço eu contra a velhice?
Mas encontrei resposta nesse olhos
Impacientes por partir;
Sim, ide, mas deixai Hanrahan,
Porque preciso das suas poderosas memórias.
Velho libertino com um amor em cada vento,
Retira dessa mente profunda e pensativa
Tudo o que no túmulo descobriste.
Pois é certo que te dás conta
De cada aventura imprevista, cega,
Que suaves olhos tentadores,
Ou carícias ou suspiros atraíram
Ao labirinto de outro ser;
Mais se demora a imaginação
Na mulher ganha ou na mulher perdida?
Se na perdida, admite que te afastaste
De um grande labirinto por orgulho,
Cobardia, alguma parva e excessiva subtileza
Ou qualquer coisa que já se chamou consciência;
E que se à memória se recorre, o sol
Entra em eclipse e o dia em extinção.
III
É tempo de fazer o meu testamento;
Escolho os homens que se erguem
Esses que sobem as correntes até
Às próprias fontes, e pela aurora
Lançam o anzol à berra
Da pedra que brota; declaro
Que herdem o meu orgulho,
O orgulho de quem
Nunca foi prisioneiro de Causa nem Estado,
Mas não aos escravos humilhados
Nem aos tiranos que humilham;
Sim às gentes de Burke e de Grattan
Que deram, podendo recusar —
Orgulho idêntico ao do amanhecer,
Quando se solta a temerária luz,
Ou o orgulho do corno fabuloso,
Ou do súbito aguaceiro
Quando secas estão todas as correntes,
Ou o orgulho dessa hora
Em que o cisne fixa o olhar
Num esplendor que se apaga,
Flutua num longo e derradeiro
Esforço pelas águas cintilantes
E canta a sua última canção.
E declaro a minha fé:
Rio-me do pensamento de Plotino
E grito na cara de Platão,
A morte e a vida não existiam
Até o homem tudo inventar,
Tudo conceber,
Tudo fazer com a sua alma amargurada,
Sim, e o sol e a lua e as estrelas; tudo,
E também a convicção de que,
Mortos, nos levantamos,
Sonhamos e assim criamos
Translunar Paraíso.
Fiz as pazes
Com sábias coisas italianas
E altivas pedras gregas,
Imaginação de poeta
E lembranças de amor,
Lembranças de palavras femininas,
Todas essas coisas de que
Um homem faz um sobre-humano
Sonho semelhante a um espelho.
Como naquela seteira
As gralhas gralham e gritam,
E amontoam raminhos.
E depois de amontoados,
A mãe repousará
Sobre o buraco ao cimo,
Aquecendo o rude ninho.
Fé e orgulho deixo
Aos jovens que se erguem
E sobem a montanha,
Para ao romper do dia
Lançar o seu anzol;
Desse metal fui feito
Antes de o quebrar
Este ofício sedentário.
Agora edificarei a minha alma,
Exigindo-lhe estudo
Numa escola sábia
Até a ruína do corpo,
A lenta decadência do sangue,
Colérico delírio
Ou torpe decrepitude,
Ou os piores males que venham —
A morte dos amigos, ou a morte
Do brilho dos olhos
Que cortava a respiração —
Parecerem nuvens no céu
Quando o horizonte se desvanece;
Ou o sonolento grito de uma ave
Entre as sombras que se afundam.
Leda e o Cisne
LEDA E O CISNE
Súbito golpe: as grandes asas a bater
Sobre a virgem que oscila, a coxa acariciada
Por negros pés, a nuca, um bico a vem reter;
O peito inane sobre o peito, ei-la apresada.
Dedos incertos de terror, como empurrar
Das coxas bambas o emplumado resplendor?
Pode o corpo, sob esse impulso de brancor,
O coração estranho não sentir pulsar?
Um tremor nos quadris engendra incontinenti
A muralha destruída, o teto, a torre a arder
E Agamêmnon, o morto.
Capturada assim,
E pelo bruto sangue do ar sujeita, enfim
Ela assumiu-lhe a ciência junto com o poder,
Antes que a abandonasse o bico indiferente?
As penas do Amor
As penas do amor
(Título Original: "The sorrow of Love")
Autor: William Butler Yeats
Sobre os telhados a algazarra dos pardais,
Redonda e cheia a lua - e céu de mil estrelas,
E as folhas sempre a murmurar seus recitais,
Haviam esquecido o mundo e suas mazelas.
Então chegaram teus soturnos lábios rosa,
E junto a eles todas lágrimas da terra,
E o drama dos navios em águas tempestuosas
E o drama dos milhares de anos que ela encerra.
E agora, no telhado a guerra dos pardais,
A lua pálida, e no céu brancas estrelas,
De inquietas folhas, cantilenas sempre iguais,
Estão tremendo - sob o mundo e suas mazelas.
Quando fores velha
Quando fores velha, grisalha, vencida pelo sono,
Dormitando junto à lareira, toma este livro,
Lê-o devagar, e sonha com o doce olhar
Que outrora tiveram teus olhos, e com as suas sombras profundas;
Muitos amaram os momentos de teu alegre encanto,
Muitos amaram essa beleza com falso ou sincero amor,
Mas apenas um homem amou tua alma peregrina,
E amou as mágoas do teu rosto que mudava;
Inclinada sobre o ferro incandescente,
Murmura, com alguma tristeza, como o Amor te abandonou
E em largos passos galgou as montanhas
Escondendo o rosto numa imensidão de estrelas.
The Lake Isle of Innisfree
Vou levantar-me e ir agora, e ir para Innisfree,
Uma pequena cabana de argila construída aí, de colmo as telhas,
Nove filas de feijão, e uma colmeia de abelhas e mel, aí
E viverei só na clareira onde zunem as abelhas.
E teria alguma paz por aí, já que a paz goteja lenta,
Gota a gota dos véus da manhã até onde o grilo canta;
Toda a noite alta é luz fosca por aí, e o meio dia, púrpura, em luz violenta,
E, cheia com as asas dos pintarroxos, a tarde se levanta.
Vou levantar-me e ir agora, para sempre, noite e dia,
Ouvir o som alto da água nas margens do lago em convulsão;
Enquanto junto ao caminho, ou sobre o pavimento acinzentado me veria,
Ouvindo-o no mais fundo do cerne do coração.
Feito por Valeria Vianna
Prefiro ter sal,
Prefiro surtar,
A ter que ser normal
Prefiro ser passional,
Prefiro ser poético,
A ter um olhar tão convencional.
Prefiro ser intenso
Prefiro ser estranho
A ter que relegar meus melhores sonhos
Prefiro minhas angustias
Prefiro minha intuição
A ser colocado no molde da razão
Prefiro os traços bem delineados
Do que ser do clube dos alienados
De meu amigo ''Carlos Junior''
Duvidas e temores
O que importante na vida não é o quanto Você agüenta bater, mais sim o quanto você Esta disposto a apanhar
O meu temor é de não agüentar,
A dor,
O cansaço,
Porque eu sei que do meio da luta ainda Estou longe
Imagino a distancia que eu estou do fim
Há anos estou nessa batalha,
E há décadas eu estou do fim
A minha esperança está quase inutilizada,
Minhas boas intenções estão a definhar
Enquanto isto as más estão crescendo e se Alimentando de mim,
Às vezes me sinto mal e o que me assusta é Que Eu já começo a gostar e a sentir prazer Com isso,
Fica cada fez mais difícil respirar, já quase Não consigo me conter,
Travas e sombras a cada dia sinto Aumentando de latente forma em mim,
Sinto-me caindo nelas
Como em um abismo sem fim,
A luz eu vejo se retrair,
O meu amor eu vejo acabar,
O calor eu sinto dissipar e o frio eu sinto Aumentar
O vento a me cortar,
Em minha frágil esperança
Eu tento me segurar,
Mas como um estrito raio de luz
Eu não consigo tocar
Às vezes eu penso, em
Com um leve soprar que mais parece um Suspiro dado ao adormecer em seu leito
O pouco de luz que resta em mim eu apagar Como a uma vela sem serventia
E as trevas latentes em mim eu abrasar
As sombras em forma de névoa a me cercar
Precedem a mim para aos outros alertar que o Caos logo virá,
Mas quase não sei o que pensar sei que Tenho que escolher o caminho que devo Seguir,
Sei que a cada escolha a algo a se rejeitar,
A luz eu tenho que seguir,
Mais ao olhar para traz e ver o caminho que Eu trilhei eu vejo que na verdade as trevas Eu segui,
O caminho certo eu sei, mais penso se nele eu Suportarei me manter,
Quando a luz surgiu as trevas se fez de modo A equilibrar a balança,
As minhas origens eu voltarei.
Eu me sinto caindo em um abismo infinito
Eu me sinto caindo em um abismo sem fim.
“Carlos Júnior”
terça-feira, 7 de abril de 2009
(Ellen G. White)
terça-feira, 3 de março de 2009
Três notas
Três sussurros que se dissiparam;
Três como os ventos que se abraçaram,
Como as tríades que recitei,
Como a dor, como o pranto, um afar
Que dançantes amparam impretas;
Os sussurros errantes das gretas
Os saldosos vagidos do mar.
Mulher! teu pranto é belo é direto
Teu pranto é calado é complicado
Não se exalta nem é revoltado.
Teu pranto é de tamanho indiscreto
Um murmurio em dolente caminho
Incrustado por cascos de vinho...