Talvez ainda me reste um resto Daquilo que um dia chamei Poesia... Ou talvez seja só um lapso inerte, Paradoxo de uma simples Vida... Que linda em todos os momentos Descrevia em laudas apagadas uma Mancha... Que aos velhos amigos recito Agora não mais uma estrofe, mais uma Ilha...
Nós nos agarramos a sonhos Porque nossa realidade é fraca. A fome aqui não pergunta nada E nem escolhe ninguém.
A tristeza é algo comum E a depressão é ridícula. Dia após dia espreitando os fracos E os vencendo por submissão.
Os rostos que vejo nas ruas São deprimentes suas emoções. Momentaneamente eles sorriem Mas vazios estão.
Hipocrisia é uma palavra comum Embora nunca falada diariamente É notada em cada mente.
As crianças daqui nascem como erros Algumas indesejadas, outras excluídas Mas todas carregam algum erro, Que muitas vezes não existe.
Alguns culpam o sistema; Outros simplesmente não opinam, Mais nada fazem para mudar isso, Pois todos estão acostumados A se passarem por palhaços.
Marionetes de sua própria desgraça, Acham em tudo o que vêem graça Porque simplesmente não enxergam. Estão cegos porque querem Porque é dura a realidade.
Todos aqui vivem a base de migalhas Até mesmo os ricos e poderosos, Porque todos aqui não são intocáveis E a ferida é certa assim que nascem. Uns mendigando vida, Outros mendigando pão.
A ironia repousa nas tuas lágrimas. Lagrimas que despiram tua face E que caem no colo, secam ao vento.
E depois Levadas são pela brisa até bramir Ao som do orvalho ou da chuva. A lavar a terra a lavar outras lágrimas, Lágrimas vertidas, verdadeiras lágrimas.
Lágrimas que passam do outono a primavera Que regam desde os lírios às matas E que tu matas no teu egoísmo sórdido O calmo seio já mórbido Da vasta mata.