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Poesia tardia
Talvez ainda me reste um restoDaquilo que um dia chameiPoesia...Ou talvez seja só um lapso inerte,Paradoxo de uma simplesVida...Que linda em todos os momentosDescrevia em laudas apagadas umaMancha...Que aos velhos amigos recitoAgora não mais uma estrofe, mais umaIlha... (Gabriel de Alencar)
Mendigos
Nós nos agarramos a sonhosPorque nossa realidade é fraca.A fome aqui não pergunta nadaE nem escolhe ninguém.A tristeza é algo comumE a depressão é ridícula.Dia após dia espreitando os fracosE os vencendo por submissão.Os rostos que vejo nas ruasSão deprimentes suas emoções.Momentaneamente eles sorriemMas vazios estão.Hipocrisia é uma palavra comumEmbora nunca falada diariamenteÉ notada em cada mente.As crianças daqui nascem como errosAlgumas indesejadas, outras excluídasMas todas carregam algum erro,Que muitas vezes não existe.Alguns culpam o sistema;Outros simplesmente não opinam,Mais nada fazem para mudar isso,Pois todos estão acostumadosA se passarem por palhaços.Marionetes de sua própria desgraça,Acham em tudo o que vêem graçaPorque simplesmente não enxergam.Estão cegos porque queremPorque é dura a realidade.Todos aqui vivem a base de migalhasAté mesmo os ricos e poderosos,Porque todos aqui não são intocáveisE a ferida é certa assim que nascem.Uns mendigando vida,Outros mendigando pão.Gabriel de Alencar
O Amor
O amor é como a roseira e o jardineiro
Se você não amá-la primeiro;
E não a regar ou fazer-lhe as podas.
Você nunca terá a mais perfeita das rosas. (Gabriel de Alencar)
Cara de Palhaço
Em teorias compus;
Vício sangue e pus,
Entre os assoalhos da manhã
No seu tempo e espaço
A minha cara de palhaço.Gabriel de Alencar
Do amor
Amor, Oh!Mártir dos pacientes
Que as alegrias veta.
Traz o teu ríspido beijo
Aos lábios do poeta.
(Gabriel de Alencar)
Ironia das lágrimas
A ironia repousa nas tuas lágrimas.
Lagrimas que despiram tua face
E que caem no colo, secam ao vento.
E depois Levadas são pela brisa até bramir
Ao som do orvalho ou da chuva.
A lavar a terra a lavar outras lágrimas,
Lágrimas vertidas, verdadeiras lágrimas.
Lágrimas que passam do outono a primavera
Que regam desde os lírios às matas
E que tu matas no teu egoísmo sórdido
O calmo seio já mórbido
Da vasta mata.
(Gabriel de Alencar)